Seu Filho Joga Demais? Entenda o Impacto do Vício em Jogos na Saúde Mental de Crianças e Adultos

7/24/20245 min ler

Introdução: Na sociedade contemporânea, onde o digital é quase uma extensão de nós mesmos, os jogos eletrônicos dominam como uma forma predominante de entretenimento. Embora ofereçam inegáveis benefícios em termos de educação e lazer, a linha entre o uso moderado e o vício é tênue e, frequentemente, cruzada. A ascensão do vício em jogos como condição prevalente globalmente destaca-se como uma preocupação crescente na saúde mental. Definido pela Organização Mundial da Saúde como uma condição de saúde mental, o vício em jogos apresenta consequências graves tanto para crianças quanto para adultos, impactando negativamente o desenvolvimento, a produtividade e o bem-estar emocional.

Definição e Prevalência do Vício em Jogos: Estudos globais, incluindo aqueles publicados pelo Journal of Behavioral Addictions, estimam que entre 2-3% dos jogadores desenvolvem comportamento compulsivo de jogo que prejudica significativamente suas vidas pessoais e sociais. O vício em jogos pode ser mais severo em contextos com acesso irrestrito a jogos e falta de suporte de saúde mental, afetando principalmente jovens vulneráveis. Além das consequências como isolamento e problemas físicos, jogos podem banalizar a violência e aumentar a agressividade. A exposição constante a conteúdos violentos nos jogos pode dessensibilizar indivíduos para a violência real e promover comportamentos agressivos, intensificando a necessidade de intervenções preventivas e educacionais eficazes para mitigar esses impactos. Além disso, o vício em jogos pode levar a complicações sérias, incluindo isolamento social extremo, problemas físicos como obesidade e síndromes de distúrbios posturais, além de problemas financeiros decorrentes da compra de itens dentro dos jogos ou da subscrição de serviços de jogos premium.

Impactos do Vício em Jogos em Crianças e Adultos: Pesquisas indicam que crianças viciadas podem sofrer de isolamento social, distúrbio no desenvolvimento cognitivo e social, prejudicar o desempenho escolar e conflitos familiares. Para adultos, as dificuldades incluem problemas em manter empregos, desgaste nas relações interpessoais e questões de saúde mental, como ansiedade e depressão. Segundo a American Psychological Association, esses impactos são comparáveis aos observados em outros distúrbios compulsivos. Para crianças, o vício pode atrapalhar o desenvolvimento cognitivo e social, prejudicar o desempenho escolar e fomentar o isolamento.

Aumento da Violência: Estudos mostram que há uma pequena, mas significativa, correlação entre o uso de videogames violentos e o aumento da agressividade em crianças e adolescentes. Uma meta-análise de 2018 conduzida por Jay Hull da Dartmouth College, que reuniu dados de 24 estudos envolvendo mais de 17.000 participantes, concluiu que jogar videogames violentos está associado a um aumento na agressão física ao longo do tempo entre crianças e adolescentes. Os comportamentos agressivos observados incluíam atos como bater em alguém ou ser enviado ao escritório do diretor da escola por lutar, baseando-se em relatórios de crianças, pais, professores e colegas.

Além disso, a American Psychological Association (APA) considera os videogames violentos como um fator de risco para agressão, indicando que a exposição prolongada a esses jogos está ligada a comportamentos, pensamentos e emoções agressivos, além de uma diminuição da empatia. Esses efeitos foram observados em estudos realizados tanto em países orientais quanto ocidentais.

Perigos dos Jogos Gratuitos e Propagandas Inapropriadas

Os jogos gratuitos, apesar de serem uma opção atraente para muitos pais e jogadores, escondem armadilhas que podem ser especialmente perigosas para crianças. Muitos desses jogos dependem de propagandas para gerar receita, e nem sempre o conteúdo dessas propagandas é cuidadosamente controlado ou apropriado para todas as idades.

  • Exposição a Conteúdo Adulto: Jogos gratuitos podem incluir anúncios com conteúdos que são impróprios para crianças, como violência explícita, imagens sexualizadas e linguagem agressiva. Esta exposição inesperada pode ter impactos negativos significativos no desenvolvimento emocional e comportamental dos jovens.

  • Estímulos ao Consumo: Além de expor crianças a conteúdos inapropriados, muitos jogos gratuitos promovem produtos ou serviços através de seus anúncios, o que pode levar a um estímulo precoce ao consumo. As crianças são especialmente suscetíveis a esses apelos de marketing, não tendo ainda desenvolvido uma compreensão crítica sobre as intenções comerciais por trás deles.

  • Vulnerabilidade a Golpes: Anúncios em jogos gratuitos também podem ser usados como iscas para golpes online. Eles podem promover aplicativos maliciosos ou levar a sites que comprometem a segurança dos dados do usuário. As crianças, por sua falta de experiência, são particularmente vulneráveis a esses tipos de ameaças.

  • Interrupções e Impacto na Experiência de Jogo: Para os jogadores de todas as idades, os anúncios podem interromper o fluxo e a imersão nos jogos, reduzindo a qualidade da experiência de jogo e potencialmente levando a uma maior frustração e estresse.

Mecanismos Psicológicos dos Jogos

  • Recompensas Variáveis: A imprevisibilidade das recompensas aumenta o engajamento.

  • Progressão Graduada: Mantém os jogadores engajados por mais tempo através de uma sensação de progresso contínuo.

  • Custos de Afundamento: Jogadores são incentivados a continuar jogando para não perderem os recursos já investidos.

  • Conexão Social: Elementos sociais aumentam a dependência do ambiente do jogo para interação social.

Estudos de Caso e Pesquisa Científica: Estudos têm mostrado alterações no cérebro de indivíduos viciados em jogos semelhantes àquelas observadas em dependências químicas. Por exemplo, pesquisa na Universidade de Cambridge revelou que jogadores compulsivos apresentam maior atividade no sistema de recompensa do cérebro, semelhante à observada em viciados em drogas. Outros estudos apontam para uma diminuição na matéria cinzenta em áreas responsáveis pelo controle cognitivo, sugerindo impactos de longo prazo na tomada de decisões e no controle de impulsos.

Como Saber se uma Criança Está Viciada em Jogos

Identificar se uma criança está viciada em jogos pode ser um desafio, mas existem sinais claros que podem ajudar pais e responsáveis a reconhecer potenciais problemas. Você percebeu mudanças no comportamento de seu filho, como irritabilidade ou frustração quando não está jogando? Ele ou ela perde a noção do tempo enquanto joga, negligencia tarefas escolares, hobbies e interações sociais? Outro indicativo importante é a criança continuar jogando apesar das consequências negativas, como cansaço excessivo ou queda no desempenho escolar.

Estratégias de Prevenção e Intervenção: Intervenções eficazes incluem terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a modificar o comportamento de dependência e desenvolver habilidades de manejo do tempo e controle de impulsos. Para crianças, é vital que os pais participem ativamente na mediação do tempo de tela, estabelecendo um diálogo aberto sobre os conteúdos acessados e os limites de tempo de jogo. Dialogar abertamente sobre os hábitos de jogo e estabelecer limites claros são passos essenciais para prevenir ou tratar o vício em jogos.

Conclusão: O vício em jogos é uma preocupante realidade contemporânea que exige ação coordenada para prevenção e tratamento, envolvendo educação, regulamentação e apoio clínico efetivo.

Chamada para Ação: Convido a comunidade a se aprofundar e discutir abertamente sobre as estratégias para abordar o vício em jogos, garantindo um futuro mais saudável para nossas crianças e adultos afetados. Siga-nos para mais informações e recursos.

Referências

  • American Psychological Association: APA

  • Journal of Behavioral Addictions: JBA

  • Journal of Neuroscience: JoN

  • International Journal of Mental Health and Addiction: IJMHA

  • World Psychiatry Association: WPA

  • Washington State Magazine: WSU Magazine

  • National Center for Health Research: NCHR